MOSAICO DO VINI

Muitas vezes um caquinho não tem significado, mas junto com outros pode compor uma bela imagem

terça-feira, 8 de novembro de 2011

08 NOVEMBRO 2011 (Kita, Jamille, Kita)

queridos amigos
Primeiramente, gostaria de agradecer a todos os voluntários e profissionais do Vini que participaram do Workshop da “Inspirados pelo Autismo”. Foram três dias intensos onde foi possível obter respostas de muitas nossas duvidas.

Abaixo eu listo uma série de perguntas e repostas feitas pelo nosso grupo, e peço se faltar alguma, por favor envie por email para o grupo. Também gostaria de sugestões de todos.

1. O Adriano (irmão do Vini) quer entrar no quarto, como agir?
R: Após a saída do voluntário ou profissional propor uma brincadeira de 5 minutos com o Adri.
Vou também dedicar algum tempo com o Adri no quarto, onde ele fará tudo que quiser (desde que não se machuque ou machuque alguém).

2. Durante atividade na biblioteca da escola, o Vini faz cocô na cueca, ele se  nega a sair porque é um  ambiente que ele adora. Só que outras crianças estão reclamando do cheiro.
R: Explicar calmamente para ele que não pode permanecer na biblioteca porque está cocô, e que se ele deixar limpar podem voltar rapidamente. Caso ele não queira, explique novamente, e depois diga que irá retira-lo mas poderá voltar logo.

3. Na sala de aula ele fica caminhando com as mãos no ouvido. As vezes grita ou canta muito alto e atrapalha a concentração das outras  crianças. Ele não quer sair da sala.
R: Apreciar o fato dele não querer sair da sala. Avisar as crianças da sala porque ele precisa regular. No caso do grito, calmamente avisar que dentro da sala ele não deve gritar porque dói o ouvido das crianças, mas pode gritar no parquinho, então explicar que no próximo grito ele deverá sair. Você pode oferecer massagem nas costas, braços e pés, ou coçar as costas.

4. Ele tenta falar espontaneamente palavras ou frases que você não entende.
R: Ao invés de ficar com aquela cara de não sei ou pedir para repetir a sentença. Tente chutar, adivinhar o que ele quer. “Ah...voce quis dizer bola  amarela?”, qualquer coisa rapidamente.

5. Cada palavra que ele fala é necessária a comemoração?
R: sim, até mesmo as tentativas, mas conforme  vai se tornado natural a palavra e falada corretamente,podemos diminuir a intensidade da comemoração. Mas sempre comemorar de alguma forma, nem que seja através de um elogio simples como “que lindo...você me olhou”.

Beijos,
Kita




Olá a todos!

1) O esclarecimento de dúvidas sobre o comportamento do Vini foram de grande ajuda. Melhor ainda foi saber como proceder. Nem sempre iremos acertar, mas entendo que o importante vai ser continuar tentando todas as vezes! De fato, a dica sobre chutar o desejo do Vinícius, sem medo de errar, foi a melhor, para mim!

A rápida reunião que tivemos no último dia do workshop foi muito importante para começarmos a pensar nas novas metas para ajudar o Vini. Acredito que a reunião com todo o grupo será muito proveitosa, de forma que poderemos opinar quanto ao que fazer e como fazer, de forma integrada e continuada, nos próximos meses!


2) Quanto a como proceder com o Dri, neste domingo (06/11/2011) já iniciei o compromisso de ter um tempo para ele também. Brincamos de gatinhos e desenhamos, e ele me pareceu muito alegre. Infelizmente o tempo foi curto, portanto terei que me organizar melhor. Ele quis brincar com os joguinhos do meu celular, mas fiz um trato com ele de brincarmos juntos... e deu certo.
Sabemos que nem todos poderão se dispor a fazer o mesmo, mas sugiro que o contato com o Adriano seja sempre muito alegre e de muito afeto! E, claro, quem puder... que venha brincar com ele também! =D


Abraços a todos!
Jamille



Oi Jamile e demais voluntários e profissionais
 
realmente o chute está funcionando muito, ele já não fica tão frustrado com nossas tentativas de entende-lo. Em um deste chutes acertei no gol, ele disse "oto cao azu", eu falei chutando "outro carro azul" ele iluminou o rostinho e fez aquela carinha de felicidade...eu acertei.... ebaaaa.
Também as brincadeiras "Cadê e onde está, sim e não, aqui e ali", estão funcionando, ele já está usando estas palavras. Devemos continuar, mas agora temos que pensar em outra meta....
Quem sabe "Eu e você"....
Obrigado imensamente pela atenção com o Adri, ele agora está muito feliz que vai fazer sessões son rise com a Laura, só ele e ela....
Ele anda mais tranquilo com essas atitudes e não se sentindo tão de lado.
 
Beijos a todos
Kita
14 novembro 2011

WORKSHOP

Workshop da Inspirados pelo Autismo - Nível 1.
28, 29 e 30 de outubro em Belém, PA

01 NOVEMBRO 2011 (Kita)

Vejam essa bela história sobre o menino autista que é uma fera no basquete.
Kita



sexta-feira, 7 de outubro de 2011

SETEMBRO VINI NA ESCOLA



Vinícius jogando jogo da velha
Setembro 2011

04 OUTUBRO 2011 (Kita: carta à Mariana)2

Carta à Mariana

Oi Mariana
A mentira está bem engraçada, sempre é por uma vantagem, geralmente para a geladeira. Agora também quando vai dormir, ele quer ficar brincando no quarto, eu digo para ele que é hora de dormir, ele deita, fica quieto, em alguns minutos pede água... no inicio caia na lábia dele e ia buscar água. Quando voltava a luz estava acesa e ele pulando na cama, com aquela carinha sapeca.

A escola anterior tinha proposta Montessoriana e a atual utiliza o método Pitágoras. Como ele gosta muito de atividades de escrita, livros, jogos, ele se interessa muito pelas atividades propostas na escola atual. A Liliane, que estava na escola anterior, está acompanhando ele nesta também. Ela procura ajudá-lo fazendo a intermediação com a professora. Mas acho que ela precisa de mais capacitação e por isso a escrevi no workshop I, novamente. Ela tem muito potencial.

A escola anterior mantinha atividades muito restritas, como p.e. só faziam atividades em sala de aula, era quente, poucos atrativos, os exercícios eram sempre os mesmos e não do interesse dele. A professora tentava impor as atividades e algumas vezes não permitia que ele saísse da sala. Nos últimos temos ele andava muito irritado. Sempre procurei manter um bom dialogo com a escola, mas no final ficou muito desgastante pra mim, porque não via  nada acontecer efetivamente.

Uma coisa que acho interessante nesta escola, é que a professora escreve no quadro a rotina do dia, ele presta atenção. Tem ficado mais tempo na sala de aula, nunca é impedido de sair, as vezes quando a turma está muito barulhenta, ele pede para ir ao parque, e a Liliane leva.

A rotina é estruturada da seguinte maneira: chegada na sala dos alunos, tempo para confraternizarem; atividades escolares (uso de livro, folhetos, quadro), intervalo pro lanche, tempo na pracinha, volta à sala, roda de história. Terças aula de arte, quarta educação fisica (não participa por causa do apito), quinta informática.
Vejo que eles têm uma grande preocupação com o aprendizado da escrita, o que no caso dele, adora.

A professora faz um trabalho com as outras crianças para que eles se sintam responsáveis pelo Vini e ajudam ele a prestar atenção, quando é a vez dele de fazer algo, eles chamam o Vini. Na turma dele tem uma menina, com algum distúrbio que afeta a fala, a flexibilidade (birras quando contrariada). Ela é apaixonada pelo Vini, acho que é porque é o único que não diz pra ela que é linda, ela está sempre atrás dele, e as vezes ele aceita compartilhar atividades juntos.

Vou mante-la informada sobre todas as etapas desta estratégia para alcançarmos nosso Vini. Gostaria muito de colocar sua mensagem o blog do Vini (http://www.mosaicodovini.blogspot.com), você autoriza?

Não sei como será o tempo de vocês aqui em Belém durante o workshop, mas gostaríamos muito de recebê-los em nossa casa para uma confraternização.

Grande abraço pra ti e tua linda família
Kita

Resposta da Mariana
Boa tarde!
Agradeço pelas informações detalhadas sobre a rotina do Vini na escola. Acho que as estratégias que eu sugeri no email anterior poderão ser úteis. Por favor, mantenha sim contato para me informar sobre o processo de aplicação das estratégias.

Quanto à mentira, que delícia perceber que o Vini está desenvolvendo esta malícia social. Hoje em dia, se você pega a água para ele na hora de dormir, ele bebe? Se ele nem bebe a água, eu começaria a explicar para ele que se ele quer ficar acordado e não beber água, ele pode falar que quer ficar acordado. O que não significa que deixará de ser hora de dormir. Ele pode se expressar, mas você pode agradecer a clara comunicação e mesmo assim explicar que é hora de dormir. Abraços, Mariana

30 SETEMBRO (Kita: carta à Mariana)


30 de Setembro 2011 - Carta à Mariana

Oi Mariana, tudo bem com vocês?

Venho aqui falar um pouco de minhas aflições com o Vinícius. Continuamos com o Programa todos os dias com ele, ele está avançando na linguagem (aumento de vocabulário, frases simples e diálogos simples), na interação (veja filme da escola) e imaginação (mentir).
 Mas com a mudança da escola em agosto, Vinícius passou por alguns momentos de estresse. Apesar de ele ter adorado a escola nova, ficou mais hiperativo que nunca. Voltou a fazer estereotipias que ele já havia perdido no inicio do Programa, como girar rodinhas e ligar e desligar ventiladores. Não mudamos nossas atitudes com ele, e voltamos a fazer tudo que fazíamos no inicio, quando ele parou. Tanto que um dia arrecadei todas as coisas redondas da casa e levei para o quarto da alegria, ficamos 10 min girando tudo, até ele se interessar por mim novamente. Estou procedendo certo? Tem alguma sugestão?
Também começou a prestar atenção em imagens da TV, ele pergunta "o que é isso", respondemos, e ele sai correndo e procura em casa ou na rua o objeto correspondente (p.e. porta, janela, lua, carro, poste de luz, etc..). O que parecia ser algo legal, porque aumentou muito o vocabulário, virou um grande estresse. Quando não somos rápido o suficiente para falarmos o nome do objeto, antes que ele suma da TV,  ele fica muito frustrado e chora compulsivamente. Desligo a TV e levo para o quarto dele e ficamos lá tentando acalmá-lo. É muito angustiante ver essa frustração..o que podemos fazer para ajuda-lo?
 Desculpe o desabafo, mas realmente preciso de idéias para trabalhar melhor isso
 Grande abraço
Kita

Resposta da Mariana Tolezani- Diretora da Inspirados pelo Autismo
Querida Kita,
Que bom ouvir notícias de vocês, muito obrigada!
Assisti ao vídeo do Vini na escola e chorei quando vi a interação dele no jogo e o sorriso quando a professora disse que ele havia ganhado. Que lindo vê-lo participando e feliz naquele momento! Estou com saudades dele!

Que ótimo que vocês continuam um programa diário com ele e que maravilha que ele se desenvolveu tanto nestes últimos meses, tanto na linguagem, como na interação e imaginação! Uau, ele está mentindo para ganhar alguma vantagem?

Quanto à volta das estereotipias desde que ele mudou de escola, eu permitiria e me juntaria a esses comportamentos, como vocês vêm fazendo. A mudança de rotina fez com ele tivesse que lidar com muitas situações imprevistas por ele, o que provavelmente levou ao estresse pela sensação de perda do controle que ele já havia adquirido em relação à rotina anterior. Eu procuraria oferecer a ele:
* muito controle para ele nesse momento em suas sessões em casa (ele sentir que tem o controle);
*explicações da rotina diária e semanal (aliadas a um quadro visual de rotina);
*opções para ele escolher, tanto na alimentação, como nas peças de vestimenta, nas atividades em casa, e inclusive até certo ponto na escola;
*atividades físicas para ele descarregar e se acalmar
*ter um mediador na escola que aja como intermediário nas relações entre o Vini e os colegas, e o auxilie em quaisquer adaptações necessárias na escola, como o ambiente físico, os materiais escolares, e o equilíbrio entre o estilo responsivo e diretivo de interações. Se Vini precisar se engajar em ismos na escola, que ele tenha espaço para isso. Dependendo do grau de distração que o ismo for para as outras crianças da sala, podemos sugerir que Vini fique naquele momento no fundo da sala ou até que saia um pouco da sala com o mediador para fazer sua integração sensorial. Investigar o ritmo individual de Vini e estar atento para sugerir a ele “intervalos” integrados à rotina da classe para que ele possa se levantar, tomar água, mexer o corpo apagando o quadro, levando um livro para a professora, sendo o ajudante da classe, etc.

*conversar com ele sobre os acontecimentos do dia na escola, sobre as professoras e sobre os colegas, sobre os aprendizados e as tarefas.

Ele continua acompanhando bem as questões acadêmicas agora nesta nova escola? A metodologia de ensino-aprendizado utilizada por esta escola é diferente da antiga? Você consegue identificar diferenças metodológicas?
Os colegas têm recebido a presença de Vini sem julgamentos? Quem tem feito o intermédio das relações entre eles?

Quanto à identificação do que aparece na TV, que ótimo que ele está interessado em encontrar objetos em casa que foram representados na telinha! É como se ele estivesse aumentando os registros de sua biblioteca visual e verbal! Eu procuraria assistir com ele com uma atitude de muita leveza e entusiasmo. Quando vocês não tivessem tempo para ver o objeto, para identificá-lo e nomeá-lo, ou não tivessem o objeto em casa, poderiam fazer uma anotação em um papel na frente do Vini, de forma sincera e entusiasmada, desenhando o que tinham visto, ou anotando o nome do programa onde tinha passado, registrando a informação que pudessem. Quando ele chorasse, eu ofereceria uma resposta mínima, lenta e calma, demonstrando para ele não entender por que ele estava chorando já que chorar não o ajudaria a conseguir o que quer, que é aquela informação “X”. Em outras situações em casa, eu procuraria ser o modelo social da flexibilidade quando não conseguimos algo que queremos, por exemplo, uma informação que não conseguimos obter. Dois adultos em casa poderiam atuar demonstrando para ele que um queria uma informação (ou objeto) que o outro não tinha, e ambos permaneceriam confortáveis e calmos na situação, encontrando alternativas ao que não tinham naquele momento.  Eu também procuraria, neste momento, fazer com que o Vini tenha mais acesso a DVDs ou programas gravados do que ao vivo, para que vocês pudessem congelar a imagem e voltar quando desejado.

Se ele continuar tendo bastante dificuldade para lidar com estes momentos na TV ao vivo mesmo com a resposta lenta e calma de vocês ao choro dele, eu restringiria um pouco mais o acesso à TV até que ele estivesse mais pronto para lidar com a experiência. E brincaria de identificar objetos dentro de casa, sem a TV ligada, talvez com o apoio de fotos e desenhos, gincanas de adivinhação e identificação de objetos.

Ah! Lembrei de uma observação que gostaria de fazer. Adorei a atitude positiva, animada e carinhosa da pessoa que celebrou o Vini durante o “jogo da velha” na escola. Eu apenas sugiro que, nos jogos de competição, valorizemos a participação mais do que o fato de ganhar ou perder, não apenas para o Vini, mas para todas as crianças da sala. Queremos que o Vini compreenda perfeitamente o mecanismo do jogo, e que sinta prazer em jogar, seja ganhando ou perdendo. Todos seriam celebrados por suas participações!

Kita, por favor me fale sobre o que acha das sugestões de estratégias e se tem alguma dúvida. Eu adoraria saber notícias durante o processo de aplicação destas estratégias ou de outras que vocês venham a escolher para estas questões discutidas.
Nos veremos em breve! Eu adoraria rever o Vini e o Adriano!
Muito obrigada pela divulgação do workshop que vocês vêm fazendo em seu estado! E parabéns pelo trabalho com a ONG AMORA!!!

Abraços,
Mariana