Bom tarde a todos. Hoje eu não escrevo para falar individualmente do meu último dia com o Vinícius, já que neste último sábado houve a reunião com os voluntários, mas sim para falar de algumas impressões sobre o Vinícius em um contexto coletivo e sobre a caminhada de domingo na praça da república. É um breve relato até porque nem todos puderam estar presentes em um evento ou em ambos, assim como a Nancy e o David que estão em SP e me pediram para os deixar atualizados. Os avanços do Vinícius já são de conhecimento de todos, ele olha mais para todos e sempre faz alguma coisa que nos surpreende. No sábado por exemplo, ele estava na piscina enquanto os voluntários chegavam e, para cada um que se aproximava, ele dava uma bela olhada e às vezes esticava o dedinho. Duas atitudes dele foram coletivamente comemoradas, em ambas ele buscou interação espontaneamente. Primeiro, quando a Liliane (Professora do Vinícius) chegou com a sua filhinha, o Vinícius ficou encantado com a menina e a abraçou, sorridente que só! risos Depois ele tentou isso mais umas duas ou três vezes, mas ela é um pouco tímida... Mais tarde, quando a palestra do Alexandre havia acabado e todos já estavamos próximos da cozinha/sala, o Vinícius cutucou a Naiara, que estava de costas (logo foi ele quem a avistou), colocou a mão no rosto dela, deu um beijo e esticou os bracinhos pedindo colo. Eu estava do lado e realmente foi encantador ver o Vinícius espontaneamente, solicitando/propondo uma interação. Para mim, um dos pontos altos da palestra do Alexandre foi realmente a necessidade de prepararmos previamente algumas atividades, buscando direcionar e otimizar o desenvolvimento do Vinícius. De certa forma, os que são voluntários do laboratório de aracno, já conversam entre si sobre o que deu certo e o que deu errado no nosso dia com o Vinícius e, de vez em quando entendemos algum gesto que ele fez e que não havíamos compreendido na hora, além de trocar ideias (imagino que as pessoas próximas entre si façam o mesmo). Mas fazemos isso apenas com atividades espontâneas, ou seja, chegamos lá e inventamos alguma coisa para brincar com o Vinícius ou já seguimos na linha que ele responde melhor para cada um. Há aqueles que o Vinícius “elegeu” para brincar de bola, ou que concentra atividades nas letrinhas, palavras-cruzadas ou pintura, como lembrado no sábado. Um receio que eu sempre tive é que minhas atividades com ele ficassem repetitivas e que eu não conseguisse extrair mais nada de diferente dele. Talvez algo legal seria discutirmos em pequenos grupos que seja, sobre a proposição e preparação de certas atividades, baseado tanto no que o Alexandre já nos enviou sobre brincadeiras Son-Rise quanto no livro Brincar para crescer. Como o pessoal de aracno convive no mesmo espaço quase que diariamente poderíamos eventualmente fazer isto, considerando a volta do David e da Nancy. A Nancy, por exemplo, é super criativa, e eu também gosto de desenhar, já fiz fantoche há anos luz, mas poderíamos nos juntar para montar algumas coisas diferentes, caseiras e divertidas. Animam? Quanto a caminhada de domingo relacionada ao dia Mundial da Conscientização sobre o autismo (2 de abril)... o que eu posso falar é que foi uma experiência bastante singular. Ao mesmo tempo nos comove ver outros tantos casos mais graves do que o Vinícius, nos acalenta (pelo menos foi a minha impressão) o universo de possibilidades. Algumas crianças com autismo falaram ao microfone e, posso dizer que foi estimulador (mais uma vez) presenciar que estas crianças já foram modificadas de alguma forma independente do grau de desenvolvimento que estão ou alcancem. Uma delas de mãos dadas com a mãe, no meio da caminhada, depois de ter dado um chutinho no Pato (Emanuel ou Cafofo), segurou na mão dele durante boa parte da caminhada (pra quem acabou de aderir a causa, acho que esta foi uma recepção motivadora!).Talvez a Kita ou o Alexandre já fossem fazer algum apanhado destes dois dias, mas confesso que não resisti em fazer as declarações acima, assim como citar as passagens que aconteceram com os outros voluntários. Beijos e abraços a todos,
Regiane
12 de abril de 2010
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